sexta-feira, 28 de outubro de 2011

sacrifício

preparei tudo de novo:
a casa a comida a cama
com aquele ar que os céticos ou os cínicos trazem
dei dois tragos no cigarro
e três tapas no capeta
para ver como reagem as horas
que se enroscam nos meus cabelos nas suas desculpas
e no campo do incontível

: poderia facilitar e abrir as pernas
como abro a boca
assim
sem calcular a notas
sem prestar as contas
entregando-se ao verbo
fazendo-se carne

                                                            tomai e comei

domingo, 16 de outubro de 2011

chinoiserie grotesque


perdi os pés por aí
pedi ao senhor do bonfim
que arrumasse outros bem pequenos
pés de chinesa
para dar pequenos passos & mostrar os dentes
mas que nada
por vingança tirou a mordedura deixando o afeto
& afeito às afecções de corpo e de alma
restou fazer fogo com os papéis das memórias
assando mônadas
ao ponto
assim meio cruas
como me cabe
porra

sábado, 15 de outubro de 2011

regen Regen rain

cai o céu
& meus sonhos despencam
não foi nada cândida a chuva
que se  precipitou em noite quente
antes lavasse a alma
mas insiste em molhar os olhos
de um homem
que já perdeu as calças & o nome
& nem sabe direito onde coloca
o próprio
pau.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

kelson revém

havia um horizonte por aqui
azar do mundo
construíram um predio uma casa um edifício
uma ponte uma pirâmide um cassino um bordel
um boteco uma zona uma área para fumantes
em frente à minha janela


não restou nenhum skyline ou por do sol
.naotermaisseufarolacessoseusmamilosdurosseusbraçosmolesseucabaçodoce
énãotermaiscéuquemeprotejasolquemeaqueçanemmaissoloemquerepouse.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

desertos

recolher as velas
içar o barco
guardar as léguas
pouco há o que dizer
quando se sabia
já de antemão
que nos sertões as embarcações encalham.

a geografia de seu corpo não é muito diferente:
aportei em áreas áridas

domingo, 2 de outubro de 2011

gigante

grande a não caber em meus braços
vastidão de histórias fortes & fonte de poucas tragédias
como cabem a você & aos curdos
que se escondem nas montanhas
teus pés são ganchos do tamanho do mundo
mãos que nem brabo ousaria atirar por antuérpia que você não compreende
corpo descomunal meu abrigo minha medina
para este tamanho todo o que será suficiente?
olho o mundo atravez de suas montanhas
não a dos curdos
mas por entre estas que beijo lambo & adentro
buscando o mar da tranquilidade
para pousar a nave 
& meu desejos