terça-feira, 29 de novembro de 2011

4 haikais (ao filho de shaul) + um

1.
fosse outro tempo
seria outro
não seria o nosso

2
você deixou david
& a mim
a ver navios

3.
a extensão de seu corpo
de tão grande
me cabe todo

4.
não há cu mais doce
que o teu
quando salga o meu dia


posfácio

você roubou minha alma
quando beijou os meus olhos
: perdido
vago pela vastidão de seu tamanho

clown

para que fazer-se de morto se vivo vives
em outros braços
em novas barcas & casquinhas de siri?
sabado perdido no suor de minha testa
no sangue de meus olhos
no fel de minha ira
olhar ali & além
recolher os panos secar os planos
sorrir com a cara de tacho
que o mundo me deu:

um palhaço não deve chorar

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

alone again

não consigo acompanhar transformações abruptas
embora doido e bipolar
cobro-me a ira dos insanos
um orlando furioso
a quebrar ossos & amassar focinhos
não o covarde
que bate em retirada
sem nem espernear

vc deve ter rido muito
ao me ver sair aos pedaços

domingo, 27 de novembro de 2011

deserto

dizer palavras algumas duras outras inesperadas dizer ditos tecer desditos e babas q empoçam nos ombros das moças de aparente fino trato um aparato de destruição e horror que abate sobre os judeus cada vez q pensam que podem ser mais alguem q podem distribuir sorrisos assim como a alegre freira francesa sempre esperando a hora de não ter que sorrir por isso pum está aí a verdade crua judeu não foi desta vez judeu  seriam necessários outros 5772 anos outros 2106780 dias judeu para aprender que não há diferença entre o q foi e o q ja era mas bem q poderia ter permanecido já o momento aquele momento momento dos momentos o nosso mas o mundo não liga para esse judeu de merda vc não liga & desliga & engana
há desertos mais desérticos q o neguev: seu coração por exemplo.

sábado, 12 de novembro de 2011

hemisférios

transito entre seus extremos
norte & sul tão extensos
léguas braças pés daqui
podia tentar outros meios de atravessar tamanha lonjura
retas curvas quando retas quando curvas
& saliências de ruborizar mocinha de folhetim
não há de ter fim esse seu paralelo
minha linha do equador
meus dois hemisférios
meu vinho chileno minha empanada
minha casa de palha
meu rio & ribeirão
rua asfaltada
serra de paranapiacaba
meu terabyte
minha estreiteza sua imensidão


4jlc

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

resquiet in pace

encontro mais dificuldades em contornar seu corpo
do que em pagar a conta do banco
do que em deixar o copo
por isso brindo a memória dos nossos desarranjos
das frases feitas
dos sorrisos impunes
olhares que olharam o mundo de outra maneira
mas que foi apagado no primeiro piscar
por isso as pedras
por isso as flores