sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

um dia


o dia amanheceu tenso
barba por fazer sapatos por limpar coisas a comer
quando ja lá pela milúltima vez abri a milúltima página
de leopold
masquei o papel que rabiscara seu nome
para não esquecer
meu almoço foi comido de boca amarga de páscoa judaica

tempo nublado
os peitões da louca sufocam as tentativas do sol surgir
o après-midi se arrasta com a velocidade de uma velha carroça
ou melhor
velha charrete que conduzia putas
abrirei um bordel a tarde e ficarei rico
viuvas enjeitados pais de família mulheres bem resolvidas
todos excelentes clientes
todos merecedores de consideração & bom tratamento

o que estava reservado a você
entreguei hoje para outro
velejei sobre águas tranquilas
apoiado em ombros nem tão novos
saltei sobre nuvens frias
segurado por fortes cinturas
o que estava reservado a você
foi tomado por algo tão grande
que te faria cortar os pulsos
por inveja e incapacidade
de voar sobre as folhas

as árvores não ficaram mais verdes a grama mais vivaz as flores mais coloridas.
as cores não trouxeram mais alegrias
as flores as risadas.
não havia alemanha
não havia o medo & paixão pelas aves
só um hálito morno movido a mágoa
e desfaçatez.

a noite caiu
pairou um silêncio nublado na multidão dos meus sonhos
nenhuma rutilância

deitei esperando outra pompéia

mas o dia amanheceu sujo
trocamos rapidas palavras de indiferença
outra barba feita
nenhuma outra pompéia


(acho que comprarei um cachorro)

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