domingo, 28 de agosto de 2016

shoaishaoihsoaihsoaihsa


aquela curva não é fácil contornar. com atenção mastigo a matemática, a geografia e algumas coisas que não se põem na boca. altero a rotina e arranjo cabeças para passar o dia incólume ao seu lado sem esboçar sono ou desejo. as pessoas marcham impunemente e eu a carregar sacolas de orgulho ferido e quilos de nacos de mim. fardos de minha existência curta e desprezível caem aos trancos que a sacodem. reparei nas suas palavras alegres comemorando o meu vazamento e na sua alegria ao ver o meu vazio, oco e sem nada. nunca atentei para o seu poder de destruição. ou: eu titânico me pensava sem nem perceber o verme que se configurava ante a sua tirania.


sexta-feira, 26 de agosto de 2016

constipação




acordei mastigando essa dor cotidiana foda de engolir para descer a garganta e repousar macerada no estômago até virar mágoa e flatulência. sim: peido minhas mágoas embora seja um processo lento. e demorado. as vezes doloroso. coleciono-os separando por graus de calor, umidade e cor. e as vezes os combino. misturando tudo, quase na iminência de uma bosta, um cago. minha mágoa não é nada mole ao contrário feita na rigidez da dor ela se endurece e me enfeza. quando perder meus dentes haverão ainda dores a mastigar?






terça-feira, 23 de agosto de 2016

frio/cold/kalt/koude


o ventilador está desligado. sinal de frio. as frases congeladas não serão derretidas. nenhum microondas entrará nessa função. na tv aberta um pastor vomita safadezas. na tv fechada um ator engole safadezas. no meu dia a dia um valor sacrossanto te acoberta e mistifica: melhor léguas distantes do que proximidade fria e indiferente. costumo lembrar quando acordo fora de minha cama. costumo também esquecer o nome a fuça a cara de quem eu como. por alguns incontáveis segundos. naqueles em que seguro a minha razão pelos dedos. mas logo depois passa. feito um insano aceno aos desconhecidos.  antes de sair liguei o ventilador.

flap flap flap flap flap flap flap flap flap flap



quarta-feira, 17 de agosto de 2016

acontece, angelus silesius


acontece.
talvez a todos talvez a poucos talvez só a mim esses desencontros mas pior esses reencontros de risos amarelos alguma cara feia e muitos palmos de distância presentes comendo as beiradas de nossa sorte e nossa estrada cuspindo as bordas do meu norte nas beiras do teu sul contando quantos outros fortes levantaríamos toda vez que outros corpos acampassem no nosso largo de lado como gosta de lado como exijo abusando de segundos e terceiros oitavas e nonas até o cu fazer bico e a boca embocadura.