O dia passa pesado difícil
As piores horas são todas, mas as manhãs...
As manhãs trazem mais fortes as dores
Era a hora que eu tinha você
Era quando nós cansados mas despertos olhávamos o mundo
E o que ele nos oferecia
As manhãs eram radiantes
Nossos corpos brilhavam
Brotando livros histórias planos e mais brilhos e becks e
montanhas de algoritmos e ternuras
Hoje e há dias não faz sol algum
Sobre minha existência
Em mim tudo repousa na sombra
Nas tardes não existo
Desato as dores e não te desculpo
As noites
Ah as noites
Sempre foram o que são
Minha coleção de corpos à direita
A tua coleção à esquerda
Alguns dos corpos trocados
Em farras em festas em fodas rápidas outras nem tanto
E separados voltávamos de alma e saco vazios e por vezes
alguns desesperos
Logo surgia o dia
E eu era todo teu
Mas agora há um ódio nesse pretérito
Construído a cada manhã
Calculado a cada virgula