sábado, 8 de dezembro de 2012

siderações




sei muito bem com quanto paus se faz uma foda
além do meu consigo contar até não mais haver nem números
tamanha embarcação furada
(que adiantou o cálculo  nesse rim de merda que não sabe se soma ou desaparece
que adiantou a dízima que periodicamente lembrava as dobras sujas da tua cueca
que adiantou nos adiantarmos além da nossa nossa não da tua pálida  fuça?)
depois de ser mais dinâmica que a velha dupla depois de nadar  braçadas
léguas em muitos nós
eu morro de bruços ( viva!!! ) & sozinho
 meu cú jamais foi voltado pra lua

domingo, 24 de junho de 2012

unexpected gift


aquele bolero
dolorido
ainda faz sentido?
melhor sentar & esperar sorrir outro dia
assim que passar o inverno
o ano a década o século outro milênio
ele chega
com novidades & alvíssaras viscerais
vazias de nada grávidas de vácuo
como convém
aos céticos & aos dementes
merecidamente

segunda-feira, 18 de junho de 2012

un altro inverno


come era detto è tornato un altro inverno
e todos os tropeços estão ali na esquina
tranquilamente esperando os pássaros
que não voam baixo nessa estação
nenhuma outra aventura se aventura a descortinar-se
são tantos e mesmos os prantos de verônica
que sempre de novo repetem-se os velhos revezes
varíola varicela varicocele verrugas & você

segunda-feira, 7 de maio de 2012

conjunto dos números inteiros pares

os tolos
& os matemáticos agem assim:
quando me encontro nos cantos de meus ossos
estendo tapestes de risos & surpresas
para vc passar por cima
como passa um bispo qualquer no corpus christi
perdido entre o fog do turíbulo
& a vaidade do báculo
isso mesmo: sapateia nego
nesse coração-tapete-nave-frege-corja-corda-chatice & rojão
subconjunto qualquer que insiste
na tolice presente no pertence/não-pertence

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

ira Zorn boosheid anger

meu traseiro não é bom suficiente para você
vociferou ela tão sentida tão magoada
bela e abandonada
porque de nada adiantara
fora tudo sem efeito
ter lido ruth berlau
saber o significado de Überraum
& não conseguir dar o cu direito

cinco dias sem você


Cinco dias sem você. Nunca ficamos tantos dias separados desde que nos aproximamos.. Colocar a sua ausência em palavras é uma coisa difícil. Mais fácil mostrar a minha dor bem doída a cada fração de minuto.

Dia um: voltei pra casa. Torci pra um casal de amigos aparecer. Preguiça grande de cozinhar e algumas decisões inúteis. Fiquei ouvindo músicas tristes, assisti tv, deitei, dormi. As três e pouco  ou quase três toca interfone. O casal de amigos. Odiei. Devia estar sonhando com você, mas noblesse oblige, os recebi. Rimos  muito. Falamos muito. Fumamos muito. Eles bêbados e eu apaixonado fomos dormir umas cinco da manhã.

Dia dois: saí de casa só pra ir ao Elizeu buscar pão e mortadela pras visitas. Um sábado silencioso. Arrastado. E os dois na minha casa. Acho q eu queria chorar sei lá. E os dois na minha casa. Fiz almoço, fiz jantar e os dois na minha casa. Dormi a tarde. Assistimos a meu filme favorito. Rimos. Fumamos E meia noite foram embora. A experiência de estar sozinho e você em outros braços foi estranha e mexeu muito comigo. Sempre julguei o ciúme vaidade e ardi em ódio, ira, insensatez, autopiedade. Vi-me corroído pelo ciúme.  Em  dez ou onze anos jamais tive ciúmes e agora me vi Medéia. Nem a madrugada teve dó de mim.

Dia três: acordei cedo batendo cabeça. Toda hora me vinha: autocontrole, mantenha o autocontrole. Pensei em pegar outros braços mas a ideia me deu preguiça. Depois raiva. Depois talvez nojo. A pureza  nunca esteve em meu horizonte mas eu me trairia se outros braços tivessem abraçado a minha causa. Trair a mim mesmo é uma ideia que não concebo. Tentei as bobeiras  da tv. Ouvi o universo cantar I get along without you very well. Senti sua presença , sentei na cadeira e fiz o plano de curso que devia

Dia quatro: um dia vazio, sem nenhum significado. Desprezível dia. Busquei pela casa restos de sua presença. Tive medo de te perder e fiz  três poesias. Todas elas ridículas. Como convém nesses momentos em que a água, mais que na bunda, toca o pescoço. Tentei organizar a casa, mas eu estou desorganizado. Não consegui por um copo no armário. Não consegui trocar a cueca. A roupa de cama. Os tapetes do banheiro. Seis por meia dúzia.

Dia cinco: o pior desses dias terríveis. Yom kipur de caipira de quipá. Fino só até na esquina. Perdido nos sertões de seu imenso coração. Não teve um dia em que não pensei  como pode você ficar tão longe de mim e não achar uma fresta, um biombo, um buraco, um banheiro pra dizer olá e encher minha alma com a sua paz. Não consegui preencher o vazio que deixou.  Conto as pílulas que tomei pra não tomar nenhuma atitude. Combinado não sai caro. Pego minha ternura passo o terno e passo o dia. Assim: na mais pura ansiedade. Daquelas que doem nos músculos e provocam flatulências. Quem sabe em um sobressalto você me acorda e me traz de novo ao planetinha azul.

Dia seis: que não haja sexto dia. Nem sétimo a desesperar. Cinco foram suficientes para  percorrer os dentros e os foras de minha existência. Que não têm espaço na sua geografia. Enquanto espero não deixo entrar a luz do dia. Só faço samba.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

miedo de perderte

1.       na equação da cumplicidade estou prejudicado. é visível para onde pende a balança. ainda assim já caminhei demais pra retornar & os atalhos nunca foram bem vindos. perdi-me em todos eles. & agora eis-me achado mas sozinho comendo kebab babando rancor & virando os olhinhos

2.       quero manter tradições ao mesmo tempo em que me posiciono contra as heranças: por isso esta carta ridícula. carta de amor. se até cartago foi destruída por que não meu coração?

3.       falta-me imaginação para compreender a propedêutica de seu sorriso. por isso abri as janelas de meu carro & deixei o ar entrar.

4.       busco nas frestas da cidade os sinais da tua ausência. um tema de jazz se enfia em minha alma e filetes de sangue descem pelas narinas. claro que consigo ficar bem sem você. exceto quando chove ou faz sol.

5.       miedo de perderte.  noites desdormidas & esse carnaval a cavar minha cova.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

uma das belas artes


junto as facas  organizo os punhais lustro as adagas
adiciono a cicuta a digitalis a beladona
arquiteto um genial plano para abater as bibas
& os abutres
um plano que implica em empalamento e outros vilipêndios
onde o pior de mim todo se aglutina para acabar com as sete vidas
que os filhos da puta insistem em ter
por isso masco três páginas do velho de quincey
& mal posso esperar o sangue na minha gengiva
quando contemplar os espasmos desses homens
que plantam distâncias

domingo, 5 de fevereiro de 2012

interdisciplinaridade

uns quarenta metros os aproximam
além dos mesmos procedimentos
espanta-me o mesmo prazer de espezinhar
as expectativas na boca da  sua realização
abolindo definitivamente o princípio da minha certeza
de partilhar os lugares geométricos
de esquadrinhar  os planos cartesianos
& habitar o  mesmo espaço geográfico

sábado, 4 de fevereiro de 2012

presente de grego


era um presente de grego
não vi os dentes do amor
só a cupidez preencheu meus ocos meus vazios
valei-me deus valeu-me pouco
aprendi a viver sozinho
errar sozinho
cozinhar banquetes e atirá-los ao lixo três dias depois
fazer bico teatro drama
um splosh morno
um sexo mal feito  uma metida mal dada
o deus dará finalmente terminou sua cria
aquele que já não almeja
não mostra os dentes
nem mija


4jlc

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

farewell ao modo de ana cristina césar


você não entende minhas palavras
aquelas que saco do bolso & lhe dirijo
embora ruim de volante
todas você é o alvo
acerto as vezes
mas como sempre erro
não trago borracha
que apague meus equívocos
você tem todo o tempo do mundo
eu já ando pelo apito final
tirando a chuteiras
guardando a bola
dando byes
despedindo dos amanhãs
sem nenhum alô
levando malas & malas
de desconsiderações
4jlc

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

palco scenico


não é fácil passar a limpo textos não escritos
percorrer esses labirintos
sem escorrer pelos ralos
é o segredo de dédalo
posso sim sufocar os anos o tempo as histórias
mas contornar sua crueldade
é tarefa para os fortes
quanto a mim menininha  dengosa
putinha com manha
pinto a cara
desenho a boca
& volto para cama
contabilizando as dores
& seu repertório de gritos

sábado, 28 de janeiro de 2012

de beiço


corpo duro dói a alma
não esses músculos moles essa carne fraca
mas lá dentro
nas entranhas da existência
seu não seu talvez seu mais tarde
ferem mais que faca
fodem mais que foice
enquanto isso amarro a cara
prendo o pinto
& faço caras de bardot
bordando os panos da memória
fazendo beiços de filha da puta
gentil com os animais
besta fera com os humanos
amontoando delírios
para deitar
& rolar sobre eles

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

deodato


exercícios de vida entre extremos
píncaros & vales
céus & terra
no meu eu mínimo a grandeza é toda tua
polifemo dos sonhos
adamastor de meus dias
balbor de minhas delícias
druon antigone que corta & atira mãos
ante gigantesca extensão tamanho corpo
eu todo david recolho as alegrias nos calcanhares da cidade
& as atiro com minha funda
para ganhar ouro
glória
 & o presente de deus

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

você & a cidade


exercícios de vida entre extremos
píncaros & vales
céus & terra
no meu eu mínimo a grandeza é toda tua
polifemo dos sonhos
adamastor de meus dias
balbor de minhas delícias
brabo que beija & mutila
ante gigantesca extensão tamanho corpo
eu todo david recolho as alegrias nos calcanhares da cidade
que parece não ter limites

sábado, 7 de janeiro de 2012

aqui jaz



isso
escancare seu sorriso
ao me ver em pedaços
pernas rotas
pés amputados
pinto emasculado
e os olhos mirando cada um pra um lado
só pra ver seus dentes sua satisfação
de quebrar ao meio
meus ossos meus sonhos e meu coração



quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

lição de misantropia



é impossível
sobreviver ao seu 3, 2, 1, zero
fossem onze tiros ok ok  
água oxigenada
merthiolate
& pó secante bastariam
não essas facas punhais agulhas & anzóis
que furaram meu peito alma & intestinos
agora trôpego & vagabundo
deixo escorrer as lágrimas & as vergonhas
que garantirão minha misantropia
até o próximo engano
até o próximo engodo
até o próximo nada

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

turquerie


hoje acordei um tanto turco
entre a europa e o império
comendo azeitonas chupando passas passando a limpo
os rabiscos de tempos atrás
dou mordidas no presente e nos teus perdidos
mas só quem pastou pelos cantos de seu corpo
é capaz de passar o dia
assim
impunemente
comendo damascos
mascando delicias
saudando os irmãos
beócios e capadócios

4jlc