entro sozinho nesse bar. você que não me liberta e ao
contrário me ata nesse nó atroz em que me enrosco dedilhando notas falsas de
dólares e verdadeiras do concerto para violino de mozart olha para o mundo e faz que não me vê. minha invisibilidade nunca foi a minha nudez que você teve algumas
vezes, mas como a fama engana, não foram tão boas, talvez meia boca, talvez um terço mesmo que de
contas bem coloridas, cafonas e medrosas, houve alguma vez que tivesse sido alguma coisa
mesmo que imediatamente já fosse sem ser a mera matemática? a tua mudez voz da
maldade está gravada na minha carne, tua ausência fantasma está filmada pelos devices da minha vidência, minha pele e
perna, meu pau e pé estão por aí a dar vexames no vazio. e eu que nem era
existencialista estou condenado à essa liberdade que não tem nome, não tem
agora, não tem hoje e nem terá amanhã. matei outra, sem gelo. saí melhor do que
entrei.
a cidade silencia-se na madrugada assim decifro o código dos
cães.
mijei no poste.
naquele quarto acendeu uma luz.
um maluco olha pra mim e corre.
o sinal inutilmente pisca. verde. amarelo. vermelho. e somente eu passo e piso em qualquer cor.
queria fumar um cigarro, mas como não fumo, faço gracinhas no
meio fio.
a polícia passou por aqui. a polícia, duas ambulâncias, o
resgate, os bombeiros. nenhum incendiário.