sexta-feira, 25 de novembro de 2016

barcidade

entro sozinho nesse bar. você que não me liberta e ao contrário me ata nesse nó atroz em que me enrosco dedilhando notas falsas de dólares e verdadeiras do concerto para violino de mozart olha para o mundo e faz que não me vê. minha invisibilidade nunca foi a minha nudez que você teve algumas vezes, mas como a fama engana, não foram tão boas, talvez meia boca, talvez um terço mesmo que de contas bem coloridas, cafonas e medrosas, houve alguma vez que tivesse sido alguma coisa mesmo que imediatamente já fosse sem ser a mera matemática? a tua mudez voz da maldade está gravada na minha carne, tua ausência fantasma está filmada pelos devices da minha vidência, minha pele e perna, meu pau e pé estão por aí a dar vexames no vazio. e eu que nem era existencialista estou condenado à essa liberdade que não tem nome, não tem agora, não tem hoje e nem terá amanhã. matei outra, sem gelo. saí melhor do que entrei.

a cidade silencia-se na madrugada assim decifro o código dos cães.

mijei no poste.

naquele quarto acendeu uma luz.

um maluco olha pra mim e corre.

o sinal inutilmente pisca. verde. amarelo. vermelho. e somente eu passo e piso em qualquer cor.

queria fumar um cigarro, mas como não fumo, faço gracinhas no meio fio.

a polícia passou por aqui. a polícia, duas ambulâncias, o resgate, os bombeiros. nenhum incendiário.


merda. moro longe pra caralho.



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