segunda-feira, 4 de junho de 2018

a mordida de Nietzsche


Eu já quis beijar tuas partes
As mesmas que lambi & mordi & sei lá eu o que mais fiz nessas partes que me inteiravam do mundo & deixavam vivos os vivos porque pouco interesse tenho em ver as coisas mais de perto então me pus míope quase cegueta muito vagabundo para abrir os olhos & proteger-me de suas carnes tóxicas chumbinho que mata quantas vezes forem necessárias a morte

Eu já quis lamber os seus beiços
Esses mesmos que hoje se calam mudos de vergonha enquanto lambem paus & balcões do ulises ali na carrera 15 toda verde de desiludidos & desilusões passadas a centímetros espessuras de gente grande & vazia que ocupa a tua vacuidade larga & mesquinha em que folgadamente me lancei & me perdi nesse éter

Eu já quis morder a tu alma
Essa mesma alma pequena medida a dedos lambidos & passos perdidos andando round & round pelas ruas fechando a cara & os sinais dessa urbe caótica que geme a noite até as três da manhã para desespero dos vivos que caem em suas teias para serem devorados à luz do dia por você & por todos os seus demônios

Hoje as horas não passam de nada adianta dante contar os minutos os segundos tentando segurar a eternidade em que estou condenado a arder com uma dor infernal por ter querido as tuas partes beiços alma que são distribuídos em bocados aos bêbados & aos inválidos ou jogados pelas ruas molhadas dessa cidade alta em que te perdi
: hoje acho que te quero mal




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