sábado, 19 de março de 2011

outra canção de adeus e bye


esgotei meu repertório de gritos
não há dor ou magia que faça
mudar as circunstâncias ou os fatos
minha cara
meu cu
e eu
não tivemos nenhuma importância
nenhum valor
que valesse seu tempo & história.
então em filinha indiana
batem em retirada
meus olhos
minha disposição poética
os joguinhos de sedução baratos
os montinhos de desejos & insatisfação.
todos devidamente recolhidos
ja sem trilha sonora
partem
sem quebrar louças
sem dizer adeus sem deixar saudades.



sexta-feira, 18 de março de 2011

não sou novela que passa as sete


ando sentimental
tolo & sentimental babando olhares por aí
o dia passa pesado. biscatinhas jogam xana & meu olhar parado
tenta passar despercebido.
teço um ar blasé bem ensaiado shakespeareano que sou
que mal esconde e abafa mi fuego de quererte y mi miedo de perderte
menos trágico & mais abolerado
que pinta
e colore meus mundos
ainda a descobrir.
mas melhor assim
em p&b e sem perspectiva
como um blues do caralho
que me rasga a cara
me corrói a alma
e me aperta os pulmões.
mesmo fraco expondo pleura
ainda assim seria capaz de dizer
adios amor
ya me voy
e não me siga pois não sou novelo
nem novela.
(embora enrolado e sem nenhuma barriga)

quinta-feira, 17 de março de 2011

ressentimento à moda de rosalía


os pássaros
que agora são só seus
depene-os
destrinche-os
frite-os

que sequem
que morram

enviarei flores
em nosso nome

encomendarei missas
rezarei rosários
puxarei encomendas
entoarei benditas
ao nosso nome

jazem os pássaros
ali onde meu pau repousa





terça-feira, 15 de março de 2011

discriminatio RIP



nostalgia dos tempos que não te conhecia

quando o universo se abria em grandes possibilidades
existiam os indios
existiam os caciques
existiam os marujos
e você não existia
quando vc entrou em minha vida
tudo desapareceu.
até que chegou a sua vez.

as coisas agora aos poucos voltam
sem o mesmo ânimo dantes
sem os mesmos mínimos dentes
mas com a vergonha latejando
no lugar do desejo.


por que preferiu matar o que nos mantinha
acabando com mesa cadeira esquadro carteira?

domingo, 13 de março de 2011

tien zehn ten haikku


1.

o que um luarzinho pode fazer?

talvez nem possa ajudar

esse luarzinho de merda


2.

tres dias tres noites

ressecado de corpo e alma

cagando nacos do existir


3.

de perto seu signo combina com o meu

um é fleumático outro é sanguíneo

se os astros valessem seríamos constelação


4.

dores por todos os lados

de dentro

fossem musculares tomava

medicamentos


5.

dizer prum bicho triste

que a tristeza um dia acaba

adianta?


6.

nossos encontros foram tão bons

que fico mau

quando lembro deles*


7.

olhar as coisas

com seus olhos entre verde e castanho

colore o mundo


8.

não ser bem-vindo em sua casa

torna qualquer um

malvindo pra vida


9.

se outros corpos ajudassem

centenas jazeriam

aqui comigo


10.

apaguei em mim a sua estrela

brilhava demais

a danada





*fátima guedes tem um verso: "& dei pra relembrar as coisas más, prá esquecer" que também pode ser lido como "& dei pra relembrar as coisas, mas pra esquecer"



sábado, 12 de março de 2011

cançãozinha de adeus barata


o que se escreve em um texto de adeus
vá pra puta que pariu?
não.
hoje meus desejos são dez:
estar em canto nenhum. sem nenhum encanto.
vomitar tres vezes a vergonha de ser quem sou
cagar pedaços inteiros daquela esperança que enfiei no cu
mijar os planos todos eles quase intactos mas apostados
fumar todas as pontas possiveis de seus sonhos
arrancar de meus braços os seus dentes
tirar cada pena do que eram nossas crias
cair na cachoeira e não nadar ate as rochas
espremer meu pau contra o muro só pra ouvir o barulho
e enfiar-me dentro de minha propria quinta prega à esquerda
e sumir
do mapa
do mundo
enfim

sexta-feira, 11 de março de 2011

andante


cara de homem jeito de homem pinto de homem
por dentro pobre criança
mal pode com as pernas.
passarinhos gorjeiam pra facilitar o dia
motos passam rommmmmm dificultando a noite
chuva cai molhando os otários e cansando os idiotas.
achar sentido para a equação é tão inútil quanto para o alemão:
havia kalrsruhe, se ainda há não sei
o forte dos francos também estava no mapa
talvez já não esteja.
não há mais nenhum lugar
onde possa dizer eis aqui meu naco meu quinhão.
ou alguém que se possa dizer meu amor meu irmão.
e o homem com cara de homem jeito de homem pinto de homem
depara-se com a sua própria nulidade
e fraqueza
tivesse brochado bastava cialis bastava viagra
talvez passar por viado
talvez comer um viado
depois deixar-se ir embora
por esses caminhos
já sem mato adentro
como criança perdida
já sem pai sem mãe
sozinho e definitivo.


quarta-feira, 9 de março de 2011

sao-ass-ldn em 5 numerais e um epílogo


1.

acho melhor nem tentar

traçar a hipérbole

que sustenta

meu arco




2.
não basta pensar com régua

em meus domínios pensa-se com a cabeça

e com as duas




3.

não esperava q encontrasse nas catracas do metrô

quem eu corri por léguas

e confesso que ali morri um pouco

ou talvez dois terços

de ciumes e de desejos

: quem é mais macho?


4.

nenhum amigo me aguarda nessa cidade

olhos vermelhos de terra vermelha batida

ruas e corações de pedra

gente feia gente velha

e as ruas

todas de chão onde meus pedaços jazem


5.

era para ser a quinta etapa.

eixo sp-ass

tronco ass-ldn

e ao final meus abraços.

qual nada: nem telefone, sms, e-mail, mensagem instantanea

sua ausência chegou imperiosa

e me deu um chega pra lá tão forte

que até agora procuro

solo.


epílogo

de nada adiantaram palavras e gestos

mal e mal consigo ler documentos escritos

estava tudo errado

desde o o alfabeto

o que restou

é esse ruído em meu peito

é esse homem assim sem jeito

que desisitu de apostar

nessas loterias


billie holiday


equanto tiver unhas cavo abismos calço caras sustento artifícios. quem sabe assim fujo de billie que no holiday fugiu de mim.billie tire as botas billie não pise assim nesse coraçãozinho de velhote assanhado. quando falar comigo me olhe billie querida. quando chegar depois de farras e fodeções fale comigo billie querida. me extermine billie. vagabunda. não há nenhuma vantagem em ter você. tenho seu olhar. seu olhar. e que faço com seu olhar, billie? eu fodo com seu olhar? enfio meu pinto que te deseja em seu globo ocular billie querida? seu globo ocular não me serve de nada. se verde ou caramelo não sou eu que o fecho nas noites de beijo e tesão. se soubesse não teria fechado naquela manhã em que você o abriu e me acompanhou. billie joguei sementinhas de petúnias (ou seriam verbenas) dentro de seu globo ocular direito que furei com meu pau. deve ser das coloridas billie. terá olhares multicores e dai sim se lembrará de mim, quererá meus braços e me arrastará pra alguma cama onde serei seu homem.
seu homem.
não sei.
não acho lugar nas brechas de seu corpo billie.
por isso acho que aqui paro aqui findo aqui zero.
nem unhas mais tenho.

terça-feira, 8 de março de 2011

viper

cobrinha cinza
quase cega
que cava meu peito
não muito afeito aos gêneros de sua espécie
mamba negra
cuspideira
que me cega de ira santa
mas em sua mira me põe alvo fácil
queria encher a cara acender sua casa queria chutar sua bunda
e vomitar um pouco
as amarguras desse mundo
dar umas bicas
ir numas quebradas
estapear seu focinho
morder seus mamilos
pegar você em meus braços
e meter-lhe a vara
cobra
serpente
víbora

sábado, 5 de março de 2011

ldn-ass-sao em 5 numerais




1.


olhinhos mijados de paul mitchell


sete dias e sete noites de descanso em tel aviv


a vida voa e mantem xícaras de açúcar e alegria


em suspensão


nenhuma vadiagem programada


nada que avance mais do que posso ir


outra e outra miragem


para matar a saudade para frear a vontade


de ter você ao alcance da mão




2.


você tem espuma nos olhos


que amortece e tece outras mortes


quando você desaparece


nem o voo da air france


nem o sorriso do lagarto


nem a afinação em si me protegem


quando você desaparece


o céu despenca em pedaços quase inteiros de nuvens e gelo


sobre minha cabeça


e são pedro


de propósito faz xixi




3.


estava de pau duro quando limpei seus olhos


todos seus olhos


e não sosseguei enquanto não amoleceu




4.


quando voltar


nada de clamar por inocência


poderia bem ter ficado


rodeando a mim


mas não


preferiu ir ao sertão e depois ao planalto


levando os apelos de meu coração


como escalpo.




5.


cinco vezes chamei seu nome


cinquenta outras chamadas de telefone


quinhentos e tantos mil pensamentos


a milhão




quando seus olhos estão verdes

algumas palavras saem de meu corpo

mesmo quando estou mudo

outras e muitas também saem

pelos poros

pelos pelos

mesmo quando estou calado

nem todos sabem meu alfabeto

não conseguem ler as letras

de que me componho

gosto da maneira como me olha

decifra

e vê



sexta-feira, 4 de março de 2011

no carnaval


qual batatinha

nesta festa da carne a hora é da razão

guarde seu olho-lâmina sua lingua-canivete

e se apresente

nada de sair por aí.

se vc for eu não volto

mas se ficar

tira a roupa

que há muito tempo espero

outra tarde de perder a conta.

quarta-feira, 2 de março de 2011

zodiaco pqp


hoje amanheci mais duro

pau mole

& desejos deixados de lado.

acendi precoce um cigarro

estraguei de propósito seu sorriso

e mergulhei fundo no mar de amarguras e outros peixes.

antes de sair lerei meu horóscopo

e o teu

e se marte insistir em conjunções e conjunturas

arrumarei as malas

e me deportarei

para onde as putas parem