Desacostumei de você. Muito
estranho sermos tão estranhos um ao outro em tão pouco tempo. Meu constrangimento
te oprime como um bolero mata um desprezado. A propósito, esqueci de seus sérios problemas auditivos, de suas prioridades frias e dessas suas
respostas prontas bastando aquecer por 3 minutos em fogo médio. Caso tivesse trato com as
palavras te escreveria um poema. Soubesse ler as bolas que explodem em sons te
comporia uma musica. Um hino. Uma marcha.
Coisa bem tediosa para passar bem o dia. Bom seria. Mas analfabeto de pai e mãe
trago essa fumaça que esconde onde ponho a atração que você exerce e pratica
com tanta gravidade que me põe gravemente desistido nessa minha tamborello que repetidamente
passo reto e encontro o muro. Dou ré e eis o muro. Outra ré e o mesmo muro.
canto livre... de cantinho, beco, pequeno local onde pode se esconder... é um blog de pirações, textos poéticos e fotografias
sexta-feira, 27 de maio de 2016
gravidade
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domingo, 15 de maio de 2016
no flower power
Força eu fiz, mas já não faço mais.
Caguei na tua alma. Estava pleno demais
para te poupar, eu que sou pai da
matéria, mãe do assunto, avô da discussão, mas nada teu.
Mijei no teu espírito. Estava
incontinente demais para evitar virar as cartas do jogo ou aquela esquina, eu pai
das putas, mãe das manhas, avó das aves, mas nada teu.
Peidei na tua existência. Estava enfatuado
demais para te perfumar, eu pai das cores, mãe das dores, avô da incoerência,
mas nada nada teu.
Incrível como a distância atua
encurtando o que era vastidão e desejo transformando em troços o que a
gente fez, bebeu, comeu e arquitetou. Bela e justa construção diria um crente. Eu que
desconfio, desconverso. Sem nenhuma paz ou emoção. Sentado nesse vaso onde me esvaio em tua homenagem.
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quarta-feira, 11 de maio de 2016
miedo de perderte
Não deve ter sido por falta de adeus.
Todas as vezes esteve estampado nesse olhos que douram
essa despedida assim
imediata
sem nenhum doce ou desejo a arder.
Eu um édipo anódino
não decifrei nada
pois nunca te vi esfinge
só boca coração e esfíncter
a embaralhar minhas cartas
a dar nó nos meus sonhos
e me calar de medo
com esse adiós
tão esperado.
segunda-feira, 9 de maio de 2016
concerto grosso
antes
fosse uma anta ou um parvo do que estar nessa de pensar em você enquanto dobro
a esquina e desapareço nesses fogs que passam pelo meu corpo arrepiado de frio
e de pouca raiva pois não houve gim suficiente para aquecer meu pau minha ira e minhas pernas.
essa
nostalgia idiota que não cultivo me põe todo sentido e enfadado feito um
português bizarro que toma sua canja com tanta saudade que me emociona.
você
voa gostoso comigo pelos espelhos d’água pelas portas sujas e pelas pontes que
nos ligam a ti e a mim à cidade tua não minha mas tão minha agora quanto tua já
era antes mesmo de saber que ela e você existiam e que tinham cores e cheiros e
desejos e significados e tantas vastas ausências que me comoveram como me
comovem os patos os pobres e os estrangeiros ainda que não os veja pois várias
vezes fecho meus olhos para não te ver.
olhei
já mais que três vezes mais que trezentas e três e tantas outras vezes esse
aparelho inútil que não toca não pia nem apita quando acordo assim cedo e
obcecado pelo seu corpo que tem tons de vermelho e que se entumece quando
executo o concerto grosso de vivaldi.
depois
de dias reapareço ali naquele velho pagode cenografia barata de ópera chinesa
ou de drama italiano. nenhuma outra grega tragédia se anuncia nessa manhã comum.
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