antes
fosse uma anta ou um parvo do que estar nessa de pensar em você enquanto dobro
a esquina e desapareço nesses fogs que passam pelo meu corpo arrepiado de frio
e de pouca raiva pois não houve gim suficiente para aquecer meu pau minha ira e minhas pernas.
essa
nostalgia idiota que não cultivo me põe todo sentido e enfadado feito um
português bizarro que toma sua canja com tanta saudade que me emociona.
você
voa gostoso comigo pelos espelhos d’água pelas portas sujas e pelas pontes que
nos ligam a ti e a mim à cidade tua não minha mas tão minha agora quanto tua já
era antes mesmo de saber que ela e você existiam e que tinham cores e cheiros e
desejos e significados e tantas vastas ausências que me comoveram como me
comovem os patos os pobres e os estrangeiros ainda que não os veja pois várias
vezes fecho meus olhos para não te ver.
olhei
já mais que três vezes mais que trezentas e três e tantas outras vezes esse
aparelho inútil que não toca não pia nem apita quando acordo assim cedo e
obcecado pelo seu corpo que tem tons de vermelho e que se entumece quando
executo o concerto grosso de vivaldi.
depois
de dias reapareço ali naquele velho pagode cenografia barata de ópera chinesa
ou de drama italiano. nenhuma outra grega tragédia se anuncia nessa manhã comum.
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