domingo, 5 de junho de 2016

cigarros

1.
Gosto que você fume. O sabor que o tabaco te dá, meu tempero é incapaz de chegar perto e fazer algum efeito, ainda que inesperado. Inúmeros medos meus sobem com a sua fumaça e respiro fundo esse hálito acre que me submete e reconforta. Quantos necessários desmaios terei que enfrentar, pois seus tragos sorvem minha alma e você não a devolve? Evito ir nesta direção, por este caminho, por isso o desvio, a curva, o detour. E você ri enquanto segura o cigarro, com seus dedos amarelos, ledos enganos de uma Dietrich do centro que se diverte em quebrar corações.
2.
Fumar te faz bem. O cigarro te completa. Algumas vezes quis até leva-lo à boca e tragar como se beija, de olhos fechados. Mas tive medo de me apaixonar por você.
3.
Não foi suficiente meu esforço em te fazer perceber que sua fumaça me oxigena e renova. Tentarei o álcool naquele boteco. Depois coca naquela esquina. E emedeá naquele apê.  Torça muito que não te encontre jamais nesses cenários, nessas circunstâncias.
4.
Um monte de guimbas dorme ali naquele cinzeiro que não cinge nem carrega nada que foi teu. Não me atormente nem me deixe sozinho nessas zonas de desconforto cardíaco, psíquico, filosófico e frasal.
5.
Ah! por favor, enfie essa bituca em seu cu, não no meu coração.




Nenhum comentário:

Postar um comentário