domingo, 28 de novembro de 2010

estilhaços


pernas em bangladesh

órbitas oculares vazam seus liquores ladeira abaixo em olinda

vendedores bêbados gritam e vendem dentes arrancados ali mesmo

coelhinhos fofos fuçam nos pedaços de fígado que jazem nos canteiros

pintos em paris marcam seus passos pela bastille perto da nova ópera

alguns narizes jazem acolá de saint niklaas klerk aspirando horror e desejo

& os cus

por toda parte cus & cus baixos procuram proteção entre os carros

que quase não existem por mais que passem pela amerikalei

um prê assoa a alma um tapete cheira a curry

correria pela paulista

chuva de grãos atingem as testas & vidraças

o mundo todo se despedaça

você vira a bunda

& caga

domingo, 21 de novembro de 2010

a pieguice me toma


do seu passado sei eu

& o universo

putinha

nem cara de anjo

nem pinta de mocinha

de seu passado sei eu

& o universo

dadeira de marca maior

boqueteira fdp

queimadeira de filme


em seu presente cotidiano revejo

vc passa o tempo todo a sonhar

em seu aqui & agora

sonha até com quem não deve sonhar

vive nas nuvens ou nas margens

caindo às vezes para esta

subindo as vezes para aquela

outras vezes pairando pelo ar como fantasma que não assusta ninguém


em seu futuro prevejo

batons & cuecas esquecidos

colheres de pau sobre a mesa

marcas de coturnos na bunda

ainda a mesma cerveja

pintos & pedras na sala & sonhos a não ter mais


só não sonha comigo

só não sonhe comigo

pois não tomo tequila inconsequentemente

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

finados

abrir as janelas e dar de cara com o passado
não é nostalgia
é gosto de coisa morta

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

wraak! wraak! wraak! ou vingancinha gastronômica

sou dado à pequenas vinganças
como diva de ópera que também sou
não saio sem uma vendetta
que como em pratos quentes
em lençois limpos
com mãos sujas
como quando comi quem se senta ao teu lado

hoje chupei manga como ontem se chupava

mordi a fruta cerrei o dente & desembrulhei aquela joia amarela

nada de garfo & faca

(com garfo & faca se come manga)

fiquei com bigode & peruca

qdo sorvi o sumo o suco a alma daquela manga.


chupar manga é tão mágico quanto beijar!

de sublime

panos amarelos saudando os festeiros
bois pastam sem prestar atenção
vc me engana pela décima vez
há pouco verde naquela mata
o passarinho e seu trinado poderiam ir juntos pra maracangalha
& pouco me importo se devo te ofender em ingles, francês, espanhol ou alemão
as palavras não seriam leves
acendo um cigarro
como outro doce
e esmago um camelo:
sublime mesmo é sublimar

sábado, 13 de novembro de 2010

haikais com limão

1. seus olhos pousam sobre meu corpo & sobre el jimador
limão e sal postos
o doce na boca

2. suas mãos pousam entre o céu & minha alma
corações & coxas prontas
nuvens na cara

3. seu corpo pulsa sob o meu corpo & sobre colchão
cerro os dentes
sorvendo seu limão

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

profilaxia



estudei uns versos antigos


pra vomitar sobre seus ombros


cacei essas cantáridas para dar um ar solene & mucho loco


como cassandra entre a pariska e o velho cemitério judeu


perdi minha perna direita


meu terceiro olho


& o maldito ticket


mas uma ponta de orgulho restou & se esgueia


eu biscate dificil


pisquei o cú


& parti para cochabamba


onde faço boquetes & previsões


dia sim dia não


tomo banho


as vezes


& já nem cago


de tres em tres meses expilo um bolinha ressequida


que to juntando para fazer um colar.


vai te proteger.








quinta-feira, 11 de novembro de 2010

10 e meia da manhã de uma quarta-feira

piras acesas fogo no corpo calor do cão
engarrafamento na avenida brasilia
professores marcham perdendo o passo
peões todos no trabalho com seus periscópios observando a passagem e o entra & sai.
o menino olha espantado a força do seu braço
eu sorrio com os olhos pela proteção de seus dentes
nos dois fundos nas brechas da existência

em que escola meu deus
vc aprendeu a usar suas poucas palavras?

domingo, 7 de novembro de 2010

são paulo, fim de semana de um outubro qualquer

intensa
esta cidade provoca
olhos pau barriga & garganta
a pulsarem fortemente
cinderelas descalças transitam entre o tráfego afogado
monalisas fecham a cara e se apresam entre matadores
muitas poc poc queimam a cara & fazem maldade como mineira faz doce.
também faço doce
& nariz arrebitado.
esta cidade é de uma intensidade
alugo barrigas que exibo entre barracas de flores e postos policiais.
jantamos & nem brindamos em memória de de nossas gritantes diferenças
o palhaço corta a rua
a bichinha anda prá lá e prá cá feito filhote de onça
aprender quando apresento me torna vivo e importante
também ando prá lá e prá cá feito filhote de onça que sou
também soy loco por ti.

para c.


somos do mesmo cú de mundo

catamos tanto cavaco por esta terra de meu deus

que dará um bom caldo

esse nosso reencontro.

se na outra volta

voce deixou lugar vago

te preencher

é estar no nirvana

onde nem o presente existe. tampouco o passado.

somos do mesmo cú de mundo

mas eu sou muito mais destatento.

sábado, 6 de novembro de 2010

desapego. exercício final

o gostinho amargo do teu amor
tiro com enxaguatório bucal

pastilhas de vichy

& outras bocas.

quanto ao cheiro banhos e banhos de hugo boss.

desapego. exercício 2


se era pra ser só carne


bifão me punha.


mas quis mostrar humanidade


afinidade


respeito. todas palavras sem significado nessa selva de corpos q cultiva.


pensei em meu filho para quem o mundo é açougue.


pensei em vc para quem fiz parte de um cardápio.


pensei em todas essas que cortam o centro atras de rasgos na alma.


esses cortes secam fecham e marcam


o olvido é melhor que o cheiro que me vem à cabeça.


assim como todas as tentativas de destruição: o layout é bom mas não especial. a performance é boa mas não inesquecivel. o sorriso é largo mas não verdadeiro. o corpo é quente mas não aquece.


catei um homônimo. visitei a estrada.


o bairro.


a capela


que poderiam chamar qualquer coisa menos seu nome.


agora ele repousa num saco de amarguras.


vez ou outra abro a boca para escapar os demônios


& rio do jeito que usa talheres

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

desapego.exercício 1

foi um conto do vigário

& eu judeu

sem compreender o q rezava a regra.

agora apagar os rastros

recolher as euforias

fazer chistes & despensar.

quantos tantos outros errores ainda virão

ao tentar o que ninguem direito sabe ao certo o q move o q empaca o que atravessa o que alarga?

(havia algo de nostálgico

como costeau twins & a coluna durutti)

apago todas as noites

tão longas quanto infinitas

& todas as outras que viriam e estavam vindo para azar meu.

dando uma cuspidinha em prato que se come

ja estava pronta outra grande farra da terra

pois sapatos outros tiram

mas calçar a alma é para poucos.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

tolo de ouro

as flores estão mortas
fantasmas assustam as criancinhas e as mães nem ligam
um carro bate contra o muro
uma pedra rola sobre a grama ainda molhada
papagaios cruzam os céus enquanto cruzo minhas pernas
vc faz o sinal da cruz errado
cavalos carregam madames gordas e variadas
(olho em teu olho e não vejo nada)
nem se lembra
nem sabe
nem liga´
meu pau pensa em ti
minha cabeça dói
alagazarra de vizinhos me lembra que estou vivo
vivo
meio lá meio cá
sem aquelas certezas dantes
com aquelas dores dentes
de tanto cerra-los com raiva e revolta

nem imaginei que vc não era gente!
nem me liguei que vc não era gente!
não acreditei que vc não era gente!

pernas pulam os muros
os braços continuam no corpo
a cabeça dá saltos e cai
os olhos desistem

e uma sensação de tolo me toma

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Lou Reed -- Perfect Day + Lyrics

aqui a versão original... com letra...não achei o clip

Perfect Day - BBC promotion

essa música é do lou reed...com ele é algo inexplicavelmente lindo... aqui com uma porção de gente boa... so para comparar, tb postarei lou

el otro, lo mismo

o dia comeca dificil. depois de horas nada q se fala e aceitavel. qdo da de bracos em copos e corações não há justificativa possivel. nem outros braços dantes tampouco outros beijos novos. e antes q eu conte tres dois um zero e parta para outros pontos postes portos digo: não há logistica q de conta de sua capacidade de esconder atras das palavras. e do silêncio recém descoberto.