quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

stranger

para w.w.

Partiu de mim a ideia de virar o disco que já não faz sentido nessa era digital em que discos não tem lado mas mantem as pistas. Ainda que a gente não as veja, lá estão elas. Igualmente a ficha caiu onde não há mais fichas e sim íris que não marca embora abra vários programas, portas, corações e intermitências. Mas nada que abra meus olhos. Que se arregalou e encheu-se de esperança quando você disse olá & again & again como dizem os forasteiros quando querem ser bem recebidos apesar da pronúncia estranha e da respiração difícil. Seriam necessários talvez outras passagens para que essa paragem funcione como aconchego e abrigo. Por enquanto tem apenas essas cores. Pode pintar-se como quiser. Meu coração pulsa ali na esquina, onde todos os daddies chacoalham o pau.




sexta-feira, 25 de novembro de 2016

barcidade

entro sozinho nesse bar. você que não me liberta e ao contrário me ata nesse nó atroz em que me enrosco dedilhando notas falsas de dólares e verdadeiras do concerto para violino de mozart olha para o mundo e faz que não me vê. minha invisibilidade nunca foi a minha nudez que você teve algumas vezes, mas como a fama engana, não foram tão boas, talvez meia boca, talvez um terço mesmo que de contas bem coloridas, cafonas e medrosas, houve alguma vez que tivesse sido alguma coisa mesmo que imediatamente já fosse sem ser a mera matemática? a tua mudez voz da maldade está gravada na minha carne, tua ausência fantasma está filmada pelos devices da minha vidência, minha pele e perna, meu pau e pé estão por aí a dar vexames no vazio. e eu que nem era existencialista estou condenado à essa liberdade que não tem nome, não tem agora, não tem hoje e nem terá amanhã. matei outra, sem gelo. saí melhor do que entrei.

a cidade silencia-se na madrugada assim decifro o código dos cães.

mijei no poste.

naquele quarto acendeu uma luz.

um maluco olha pra mim e corre.

o sinal inutilmente pisca. verde. amarelo. vermelho. e somente eu passo e piso em qualquer cor.

queria fumar um cigarro, mas como não fumo, faço gracinhas no meio fio.

a polícia passou por aqui. a polícia, duas ambulâncias, o resgate, os bombeiros. nenhum incendiário.


merda. moro longe pra caralho.



quinta-feira, 3 de novembro de 2016

soul redondo

Você me prendeu no seu corpo. Não consegui correr a tempo. Até tentei, mas você rapidamente me alcançou, derrubou e me prendeu na imensidão entre seus braços e pernas tatuados em dias de noites intensas e ma non troppo. Você me prendeu no seu corpo agora meu claustro e eu louco rabiscando as paredes desse coração de pedra perdi a conta dos dias. Coisas que aumentam as penas aos incautos. Tenho tentado desde então fugir. Já tentei sair pelos olhos, mas você nao chora. O nariz mesmo escorrendo trancou e tive que voltar em meias voltas aspiradas e contidas. Pela boca nenhum impropério. Esses silêncios todos impossibilitaram minha saída. Ouvidos... ah seus ouvidos moucos quase cegos de tão surdos sempre foram inviáveis. Minha próxima tentativa será pelo teu cu. Quem sabe, disfarçado passo por ele ainda hoje e você prá variar nem me perceba?


quarta-feira, 28 de setembro de 2016

anti-nietzsche


o nome que se dá a isso é mágoa. constatar essa soma é difícil a um estoico que não conta nem carneiros. na insônia rasgo a carne mancho as folhas mas não me deito e agora na vigília prostro-me enquanto as folhas farfalham o início da primavera e nem tudo ainda são flores. faço uma chamada nominal pulando a sua letra e com todos presentes alardeio alegrias e chocolates. mas quando vão embora e a sua presença em pé se afasta movo meu olho vermelho de porra e saudade para o outro lado no aguardo de flagrar você correr enquanto eu rio por fora hahahaha e escorro por dentro essa baba amarga de cocaína e fel.



domingo, 28 de agosto de 2016

shoaishaoihsoaihsoaihsa


aquela curva não é fácil contornar. com atenção mastigo a matemática, a geografia e algumas coisas que não se põem na boca. altero a rotina e arranjo cabeças para passar o dia incólume ao seu lado sem esboçar sono ou desejo. as pessoas marcham impunemente e eu a carregar sacolas de orgulho ferido e quilos de nacos de mim. fardos de minha existência curta e desprezível caem aos trancos que a sacodem. reparei nas suas palavras alegres comemorando o meu vazamento e na sua alegria ao ver o meu vazio, oco e sem nada. nunca atentei para o seu poder de destruição. ou: eu titânico me pensava sem nem perceber o verme que se configurava ante a sua tirania.


sexta-feira, 26 de agosto de 2016

constipação




acordei mastigando essa dor cotidiana foda de engolir para descer a garganta e repousar macerada no estômago até virar mágoa e flatulência. sim: peido minhas mágoas embora seja um processo lento. e demorado. as vezes doloroso. coleciono-os separando por graus de calor, umidade e cor. e as vezes os combino. misturando tudo, quase na iminência de uma bosta, um cago. minha mágoa não é nada mole ao contrário feita na rigidez da dor ela se endurece e me enfeza. quando perder meus dentes haverão ainda dores a mastigar?






terça-feira, 23 de agosto de 2016

frio/cold/kalt/koude


o ventilador está desligado. sinal de frio. as frases congeladas não serão derretidas. nenhum microondas entrará nessa função. na tv aberta um pastor vomita safadezas. na tv fechada um ator engole safadezas. no meu dia a dia um valor sacrossanto te acoberta e mistifica: melhor léguas distantes do que proximidade fria e indiferente. costumo lembrar quando acordo fora de minha cama. costumo também esquecer o nome a fuça a cara de quem eu como. por alguns incontáveis segundos. naqueles em que seguro a minha razão pelos dedos. mas logo depois passa. feito um insano aceno aos desconhecidos.  antes de sair liguei o ventilador.

flap flap flap flap flap flap flap flap flap flap



quarta-feira, 17 de agosto de 2016

acontece, angelus silesius


acontece.
talvez a todos talvez a poucos talvez só a mim esses desencontros mas pior esses reencontros de risos amarelos alguma cara feia e muitos palmos de distância presentes comendo as beiradas de nossa sorte e nossa estrada cuspindo as bordas do meu norte nas beiras do teu sul contando quantos outros fortes levantaríamos toda vez que outros corpos acampassem no nosso largo de lado como gosta de lado como exijo abusando de segundos e terceiros oitavas e nonas até o cu fazer bico e a boca embocadura.


segunda-feira, 25 de julho de 2016

don't talk 'bout this


essa cicatriz não achei na sala cirúrgica ela foi resultado de acidentes não programados provocados por encontros que tendiam à repetição
essa remela encontrei naquele boteco meio amarelo onde os tolos e as putas mamam suas dores aos goles como se isso amenizasse os seus amanhãs
e o dia amanhece, indefectivelmente, a despeito de mim, de ti e da nossa história que não passou de um prefácio idiota que quis forjar capítulos onde sequer havia textos a rabiscar.

não temos sobre o que falar




sábado, 23 de julho de 2016

stalinismo


eu
te tirei do meu peito te afastei de meu pinto te arranquei de minha rola
apaguei suas feições de meus álbuns suas impressões de meu corpo minhas inibições com teu cu
voltei aliviado
não há verbete sobre você em minha enciclopédia
você não é mais assunto em minha vida
vazia
e vagabunda
pois eu
te tirei do meu peito te afastei de meu pinto te arranquei de minha rola


segunda-feira, 27 de junho de 2016

broken

cruzei os dedos quando te cruzei

como podia deixar passar tanta vida respirando brava e forte com fartas doses de doçura que eram quase diabéticas doses de doçura delícias que eu sorvia com minúcias entre miríades de palavras e pensamentos e alguma ação política coordenada pelo seu incontestável politburo?

fiquei de bem comigo com minha carreira com meu corre e toda essa correria encerrada no que se designa como um cotidiano e rotineiro dia a dia

mudei de lugar e de roupa dez vezes dez mil vezes inúmeras vezes fui o diabo do meio do redemoinho mas que ao dormir sonhava com você e os anjos e o inferno era o mais lindo dos paraísos perdidos e imperscrutáveis

mas você mudou de ideia e na outra não couberam meu corpo minha cabeça e coração essas coisas que se deseja que caibam quando se deseja e por isso cabe mas não coube

eu fiquei aqui esquentando o ano sozinho sonhando achar algo logo em milano ou no lago de como ou em lugano onde depositei meu dinheiro e minha esperança de sobreviver sem merecer suas demasias como um mineiro

no rio de janeiro



segunda-feira, 20 de junho de 2016

parole


As palavras vomitadas não fazem tão mal como as engolidas
Dá pra ver o que elas dizem
Dá para sentir seu cheiro e sabor
Elas ali em meio a alimentos mal mastigados, nadando em fluidos bem corrosivos, piscinas quentes de ácidos e ilhas a quebrar as ligações entre espírito e matéria
Mas as engolidas...
Fodem a garganta e a alma da gente
Descem arranhando o esôfago, embrulham o estômago e nos dá nó nos intestinos
E quando finalmente a gente caga
Sente o tamanho do estrago
Na alma.


domingo, 12 de junho de 2016

noise


havia de ter mesmo muito barulho e rojões e gritos e hard rock para quem  andava assim meio bossa nova e low profile nesses tempos de inverno.

a baba inconjunta de seus lábios nos meus beiços:  nem era mais barulho era música era mozart era mágica. aos olhos e aos ouvidos. até dos desavisados.

nem de longe me passou à cabeça o papel principal de minha profissão: não houve tempo não houve espaço. Por essa mordidinha você me paga. e recebeu.

nenhuma dialética. só células arranjos e muita magia. coisas desacostumadas e novidadeiras num jogo de abraços longos e apertados.

notei que todos os seus olhos azuis formaram um mar onde não havia mais nem céu nem frio tamanho azul que iluminava a cena no canto escuro desse bar de moços e maços de musicas que não compreendo mas gosto desde a infância.

para irritar evito as rimas e as distâncias.

amanhã ainda não saberei seu nome. mas me aguarde na segunda. 



réquiem


teria sido mais divertido & duradouro a gente ter surgido das partes baixas experimentadas & faladas & invitadas & invertidas & multiplicadas & divididas como novidades fadadas aos mesmos & muitos pegas & pancadarias aos pares, impares & alguma multidão. mas nós viemos da vaidade apesar dos uivos ouvidos por mim & por você. dois corpos eram demais & muito pouco para ocupar todos nossos espaços & deu no que deu. nesse imenso &  vazio mar de letras & nada. 


quinta-feira, 9 de junho de 2016

protocolos



Eu me peguei sendo ridículo. E fui pego sendo ridículo. De saída já sendo ridículo. Na continuidade, ridículo. Havia de ter uma fórmula que equacionasse os anos e a gente fosse assim aos poucos desistindo. Inclusive de ser ridículo. Mandei sinais de fumaça. Carta. Telegrama. Telex. Fax. Bip. E-mail. SMS. Whatsapp. Expus o que tinha em mim de ruim e de ruim. Mas nem era novidade. Nem baita, nem mínima. E nem bem embrulhado estava. A primeira bala foi doce. A segunda hummm sei não. Na terceira teve até um fundo amargo. Não houve quarta ou quinta. Não haverá a oitava e não perderei as contas. Deixei de insistir nessa nota. Eu me tornei protocolar.


domingo, 5 de junho de 2016

cigarros

1.
Gosto que você fume. O sabor que o tabaco te dá, meu tempero é incapaz de chegar perto e fazer algum efeito, ainda que inesperado. Inúmeros medos meus sobem com a sua fumaça e respiro fundo esse hálito acre que me submete e reconforta. Quantos necessários desmaios terei que enfrentar, pois seus tragos sorvem minha alma e você não a devolve? Evito ir nesta direção, por este caminho, por isso o desvio, a curva, o detour. E você ri enquanto segura o cigarro, com seus dedos amarelos, ledos enganos de uma Dietrich do centro que se diverte em quebrar corações.
2.
Fumar te faz bem. O cigarro te completa. Algumas vezes quis até leva-lo à boca e tragar como se beija, de olhos fechados. Mas tive medo de me apaixonar por você.
3.
Não foi suficiente meu esforço em te fazer perceber que sua fumaça me oxigena e renova. Tentarei o álcool naquele boteco. Depois coca naquela esquina. E emedeá naquele apê.  Torça muito que não te encontre jamais nesses cenários, nessas circunstâncias.
4.
Um monte de guimbas dorme ali naquele cinzeiro que não cinge nem carrega nada que foi teu. Não me atormente nem me deixe sozinho nessas zonas de desconforto cardíaco, psíquico, filosófico e frasal.
5.
Ah! por favor, enfie essa bituca em seu cu, não no meu coração.




sexta-feira, 27 de maio de 2016

gravidade

Desacostumei de você. Muito estranho sermos tão estranhos um ao outro em tão pouco tempo. Meu constrangimento te oprime como um bolero mata um desprezado. A propósito, esqueci  de seus sérios problemas auditivos, de  suas prioridades frias e dessas suas respostas prontas bastando aquecer por 3 minutos  em fogo médio. Caso tivesse trato com as palavras te escreveria um poema. Soubesse ler as bolas que explodem em sons te comporia uma musica. Um hino.  Uma marcha. Coisa bem tediosa para passar bem o dia. Bom seria. Mas analfabeto de pai e mãe trago essa fumaça que esconde onde ponho a atração que você exerce e pratica com tanta gravidade que me põe gravemente desistido nessa minha tamborello que repetidamente passo reto e encontro o muro. Dou ré e eis o muro. Outra ré e o mesmo muro.  


domingo, 15 de maio de 2016

no flower power

Força eu fiz, mas já não faço mais. 



Caguei na tua alma. Estava pleno demais para te poupar, eu que sou pai da matéria, mãe do assunto, avô da discussão, mas nada teu.
Mijei no teu espírito. Estava incontinente demais para evitar virar as cartas do jogo ou aquela esquina, eu pai das putas, mãe das manhas, avó das aves, mas nada teu.
Peidei na tua existência. Estava enfatuado demais para te perfumar, eu pai das cores, mãe das dores, avô da incoerência, mas nada nada teu.


Incrível como a distância atua encurtando o que era vastidão e desejo transformando em troços o que a gente fez, bebeu, comeu e arquitetou. Bela e justa construção diria um crente. Eu que desconfio, desconverso. Sem nenhuma paz ou emoção. Sentado nesse vaso onde me esvaio em tua homenagem.


quarta-feira, 11 de maio de 2016

miedo de perderte


Não deve ter sido por falta de adeus.
Todas as vezes esteve estampado nesse olhos que douram
essa despedida assim
imediata
sem nenhum doce ou desejo a arder.
Eu um édipo anódino 
não decifrei nada
pois nunca te vi esfinge
só boca coração e esfíncter
a embaralhar minhas cartas
a dar nó nos meus sonhos
e me calar de medo
com esse adiós
tão esperado.


segunda-feira, 9 de maio de 2016

concerto grosso

antes fosse uma anta ou um parvo do que estar nessa de pensar em você enquanto dobro a esquina e desapareço nesses fogs que passam pelo meu corpo arrepiado de frio e de pouca raiva pois não houve gim suficiente para aquecer meu pau minha ira e minhas pernas.

essa nostalgia idiota que não cultivo me põe todo sentido e enfadado feito um português bizarro que toma sua canja com tanta saudade que me emociona.

você voa gostoso comigo pelos espelhos d’água pelas portas sujas e pelas pontes que nos ligam a ti e a mim à cidade tua não minha mas tão minha agora quanto tua já era antes mesmo de saber que ela e você existiam e que tinham cores e cheiros e desejos e significados e tantas vastas ausências que me comoveram como me comovem os patos os pobres e os estrangeiros ainda que não os veja pois várias vezes fecho meus olhos para não te ver.

olhei já mais que três vezes mais que trezentas e três e tantas outras vezes esse aparelho inútil que não toca não pia nem apita quando acordo assim cedo e obcecado pelo seu corpo que tem tons de vermelho e que se entumece quando executo o concerto grosso de vivaldi.

depois de dias reapareço ali naquele velho pagode cenografia barata de ópera chinesa ou de drama italiano. nenhuma outra grega tragédia se anuncia nessa manhã comum.


segunda-feira, 18 de abril de 2016

dis-Ghosting



1.
outra curta batalha
vencida pelos meus dedos
faz de mim pai da relatividade
e do cálculo frio das variáveis disponíveis no mercado
a enfiar na marra as tuas faltas
nesse nosso cartesiano sistema decimal

(enquanto os índices volumétricos avolumam-se avidamente 
            na mesma medida diminuem as tuas emissões de interesse e notícias
            nenhuma outra nova alvíssaras ouvi
                                                                   desde que você voltou e me mostrou os dentes)

2.
de batalha em batalha vencida
sigo perdendo a guerra
apesar do volume nas calças e dos hinos
quilos do já vivido recaem sobre mim
com o peso dos séculos
e eu tolo os arrasto como correntes
nesses castelos em que me escondes


(teu corpo se perde nos campos 
           como se não houvesse convenção de genebra
                                                                           que permitisse a mim recolhe-lo
e dar a necessária sepultura
                                 ao nosso amor incomum)



segunda-feira, 28 de março de 2016

filosofias


 

Kem qui sta cu ouvido ta ouvi kem tem coração fazi gó

Passaria dois três dias argumentando pra mim mesmo que mesmo sem sentido algum sentido há de haver sentido desses que se sentem e se ressentem sempre quando se dedica todo esse tempo em torno de argumentações constatações cálculos integrais inúteis após goladas de gim e miríades de boladas no céu da boca que era tua e hoje jura não mais never more de ser de mais ninguém mesmo porque alguém me disse que tu andas meio assim pelo mundo trilhando estradas e ruelas que eu também cruzei a pé enquanto você nem existia nonada.

Por isso essa onda essa vaga que me afoga enquanto te afaga essa foda empatada por algumas antipatias e o infinito de afinidades que de tão a fins nos afastam e nos preservam como cerejas e o caralho em conservas

E mais nenhum outro tremor há de trazer a experiência da consciência do bla bla bla no lugar de aporias que ultrajam o bom senso mas aproximam os corpos do traçar dos planos cartesianos embora haja tanta arbitrariedade nos desejos

Pondo filosofias de lado,  cadê minha cueca?
 
 

sábado, 27 de fevereiro de 2016

relatividade


Naquela noite salgada quando eu lesma me derreti por você a moldura do tempo se curvou fazendo ruídos lançando faíscas mas depois se contorceu toda dando perdidos aos meus pedidos de again de novo

Onde foram naquela hora parar meus olhos-antenas que enxergavam tudo claro & definido qual receptor digital mas se enganaram quando eu quis deixar agendado duas páginas & um livro para jogar o mundo todo a teus pés?

Agora molho os dedos de quem me olha com desejo eu gosma-cósmica escorro pelas ruas saudando fenícios & caldeus torcendo para que urgentemente nossas paralelas se encontrem no infinito que se curva para ensejar outros momentos de grude & derretimento ruídos faíscas  torções perdidos & agains

 

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

de filosofia e de infernos astrais



falando de filosofia e de infernos astrais não entendi porque você enfiou deleuze no meu cu enquanto eu me apaixonava. fiquei matutando 3 minutos e deixei ele lá quietinho acomodado e olhei pra você com tanta raiva que você arrepiou. disse raiva. por isso compreendi porque você atirou em minha direção seus desejos de ferir as bestas e as feras que te cheiram como eu cheirei seus ocos sovacos ovas e sabonetes .  não desviei de propósito vestidinho de alvo e mira. pomba e prato. por amor e pronto. parei  para ver melhor pensar um pouco pesar mais os prós. deu 5 quilos de linda e pura e vã esperança. parei de novo. espera. toma teu deleuze. tá um pouco sujo.  sorry.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

doce


pe pe pensei em várias palavras para ver se facilitaria elas caírem à boca tombarem do palato  se foderem na língua e pá pintarem o seu mundo com as minhas tintas e cores mas eis que pinta um engasgo um trupico o caralho exigências de legendagem: os carinhos que posso te dar incluem cavalares doses quase diabéticas de afetos pois nunca escondi que sou afeito a fazer doce. mas quem anda exagerando no açúcar é você e eu fico todo mole melado em  ponto de bala e completamente abobado

 

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

dias e dias


Há dias sem você e há dias com panquecas
Dias pequenos que de repente se avolumam

Pela carne que não é a tua pelos dentes que também não são teus
Nos dias de panquecas as horas são livres o mundo é redondo e os homens ainda aprenderão

Nos dias sem você
3 mortos na baixada
Policia prende 4 e mata um
Black blocks  barbarizam na cidade
Zyka causa mais doenças do que o já sabido
Tempestades são esperadas na região sul da cidade
...

domingo, 24 de janeiro de 2016

sem essa, macalé



sem essa macalé

pensei em te mandar uma merda qualquer um rabisco um cisco um mal me quer

ainda não desisti mas também nem enviei

travestido de resistente

rapidamente recolhi as frases todas desenhadas a  carvão e cal

foi meu cunho melódico e social que me pegou de jeito

e esse amargor na boca esse dó de peito

é só bilis

e expressão cordial


dedos fingers vingers Finger



aquele que nunca enfiou o dedo no cu levanta agora e anda três passos e põe porra porque não é fácil todo dia esse sobe e desce e sobe e de repente sabe que a vida passa assim tão rápido quanto uma dedada pode ser ou não ou sim ou não e sim ou mais o seu não que nem tem fim de tão cedo foi teu nem adeus que passo aliso enfio dedos meus todo dia bem cedo a desafiar os minutos segundos  dos teus medos



quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

contingências



Conjecturei tecer teias de um encontro cada vez mais constante. Depois de meias palavras e dois décimos de tempo perdido as conjunções astrais desfavoreceram  aquela vontade de ficar me esfregando em seu corpo o que partiu meu pinto e coração e endureceu a minha pobre alma. Mas como poderia eu adivinhar que o seu charme era só armadilha a ameaçar meus medos e os dedos do pés? Como poderia eu cego ver que suas mãos eram apenas troças e pívias a ejacular bibliografias  remendos e altos lá? Engulo o verbo e cada sema e semema que vomitei achando que podia ter significados. E fecho a cara pois não estou para contingências nessa hora em que me despeço.


quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

6 haikku de farewell

1.
Fui afetado pelos seus rabiscos
e pelas frases feitas que me atiraste
: eu era um alvo leve e disposto.

2.
Pensei nas poses que faríamos
Nas risadas que daríamos
Mas você fechou seu corpo com as chaves para dentro

3.
Quando seu corpo tocava o meu
Os anjos com ira,
Socavam suas as liras um na fuça do outro

4.
Sei de poucas coisas.
Do mundo que me desenhas
Não dei conta de seus traços

5
Foi por demais intenso
Não. Eu tolo desacostumei
De como se comportam os corpos

6
O seu adeus foi de longe
Quando cheguei perto
Já não tinha mais por onde

sinais



Este descompasso indica como são difíceis os dias sem os teus índices econômicos suas madrepérolas roxas e seu saco de dormir. Anotei sua desconsideração e registrei sua destreza Assim como fotografei seu sorriso meio perdido de satisfação.  Io sappeva claro sabia que haveria de ter esse não tido e um coletivo de perdidos a porem no chão a minha macheza.

Daí essa meia dúzia ou duas palavras que soam perdidas.

E são.